O Bing Microsoft utiliza os resultados de pesquisa do Google e se recusa a admitir
02 fevereiro, 2011
É possível que você já tenha lido a postagem recente de Danny Sullivan: “Google: Bing is Cheating, Copying Our Search Results” (O Bing está 'colando e copiando’ os resultados do Google) e a resposta da Microsoft: “We do not copy Google's results” (Não copiamos os resultados do Google). Não importa qual seja a sua definição para cópia: no fim das contas, os resultados do Bing vêm diretamente do Google.
Gostaria de dar mais detalhes sobre os experimentos que nos fizeram entender como o Bing usa o Google nos resultados de pesquisa na web.
Tudo começou com a palavra "tarsorrhaphy", tarsorrafia em português. É sério. A tarsorrafia é um raro procedimento cirúrgico nas pálpebras. No verão de 2010, deparamo-nos com os resultados de pesquisa para uma consulta digitada com uma ortografia incomum, "torsorophy". O Google sugeriu a ortografia correta, tarsorrhaphy, e mostrou os resultados para o termo correto da consulta. Nessa ocasião, o Bing não retornava nenhum resultado para a ortografia incorreta. No fim do verão, o Bing começou a exibir o nosso primeiro resultado para os seus usuários sem oferecer a ortografia correta (veja as imagens abaixo). Isso foi bastante esquisito. Como eles poderiam exibir o nosso primeiro resultado a seus usuários sem a ortografia correta? Se o Bing soubesse a ortografia correta, poderia exibir mais resultados relevantes para a consulta corrigida.


Este exemplo abriu nossos olhos. Nos meses seguintes, percebemos que URLs dos resultados de pesquisa do Google apareciam pouco tempo depois no Bing com uma frequência alarmante para todo tipo de consulta: consultas populares, raras ou incomuns e com ortografia incorreta. Até resultados de pesquisa que consideramos erros dos nossos algoritmos começaram a aparecer no Bing.
Algo parecia estar acontecendo. Nossas suspeitas se fortaleceram no fim de outubro de 2010, quando notamos um aumento significativo na frequência com que os primeiros resultados de pesquisa do Google apareciam no topo da classificação do Bing para diversas consultas. Esse padrão estatístico era extraordinário demais para ignorar. Para testar nossa hipótese, precisávamos de um experimento para determinar se a Microsoft realmente estava usando os resultados de pesquisa do Google na classificação do Bing.
Criamos cerca de cem “consultas artificiais”: consultas que você jamais imaginaria que um usuário digitasse, como "hiybbprqag". Apenas para o experimento, para cada consulta artificial inserimos nos primeiros resultados do Google uma página única (verdadeira) que não tinha nada a ver com a consulta.
Confira um exemplo:

Para deixar mais claro, a consulta artificial não tinha relação nenhuma com o resultado que escolhemos inserir. A consulta não aparecia em nenhum lugar da página e não havia nenhum link com o termo que direcionasse à página. Ou seja, não havia absolutamente nenhuma razão para que qualquer mecanismo de pesquisa sugerisse essa página da web com essa consulta artificial. Você pode entender essas consultas artificiais com resultados inseridos como o equivalente do mecanismo de pesquisa às cédulas marcadas em um banco.
Demos a vinte dos nossos engenheiros laptops com o Microsoft Windows recém-instalado, além do Internet Explorer 8 com a Barra de Ferramentas do Bing. Como parte do processo de instalação, optamos pelo recurso “Sites Sugeridos” do IE8 e aceitamos as opções-padrão da Barra de Ferramentas do Bing.
Pedimos aos engenheiros que digitassem as consultas artificiais na caixa de pesquisa da página inicial do Google e depois clicassem nos resultados, ou seja, nos resultados que inserimos artificialmente. Qual não foi nossa surpresa ao notar que, depois de duas semanas do início da nossa experiência, nossos resultados inseridos começaram a aparecer no Bing. Em seguida, um exemplo: uma pesquisa por "hiybbprqag" no Bing exibiu uma página sobre assentos em uma casa de espetáculos em Los Angeles. Até onde sabemos, a única conexão entre a consulta e o resultado é a página de resultados do Google (exibida acima).

Isso aconteceu com diversas consultas. Para a consulta "delhipublicschool40 chdjob", inserimos um resultado de pesquisa para uma empresa de crédito:

A mesma empresa de crédito apareceu no Bing quando foi realizada aquela consulta:

Para a consulta "juegosdeben1ogrande", inserimos uma página de joias de hip-hop:

E a mesma página de joias de hip-hop apareceu no Bing:

Em nossa opinião, esta experiência confirma nossas suspeitas de que o Bing utiliza uma combinação de:
- Internet Explorer 8, que pode enviar dados para a Microsoft por meio do recurso Sites Sugeridos
- a Barra de Ferramentas do Bing, que pode enviar dados pelo Programa de Aperfeiçoamento da Experiência ao Usuário Microsoft
Aqui na Google, nós acreditamos na inovação e temos orgulho da qualidade da nossa pesquisa. Investimos anos de trabalho no desenvolvimento dos nossos algoritmos de pesquisa porque queremos que nossos usuários recebam a resposta certa toda vez que pesquisam, e isso não é nada fácil. Nós queremos competir com algoritmos de pesquisa genuinamente novos. Algoritmos criados com base na inovação, e não em resultados de pesquisa reciclados de um concorrente. Sendo assim, recomendamos a todos os usuários que queiram obter os resultados de pesquisa mais relevantes e autênticos que venham diretamente ao Google. E para aqueles que se perguntam o que queremos com tudo isso, a resposta é simples: pôr fim a essa prática desleal.